Autor: Caio Lauer
O termo “zapear” significa mudar rápido e repetidamente, e está ligado à adventos tecnológicos como a televisão e o rádio. Inspirado nesta ideia, o mercado de trabalho batizou a nova geração de profissionais que está chegando atualmente como Geração Z. Nascidos a partir dos anos 90, estes jovens se desenvolveram em contato direto com a Internet, a velocidade da informação e as novas tecnologias.
A entrada deste público ao meio organizacional já causa certos impactos por conta de suas características peculiares. Eles estabelecem uma busca constante de autonomia e rejeitam a autoridade vertical. Até pelo ambiente da Internet que vivem e conhecem muito bem, tudo é aberto a debates e discussões. Não são menos sociáveis, mas a interação com os outros se dá de forma diferente, muito mais imediata e sem intermediários. “Por terem a ideia de que é possível falar com qualquer um a qualquer hora, ao chegarem numa empresa não vêem as relações entre funcionários de forma hierarquizada. Eles se sentem autossuficientes e autoconfiantes para falar diretamente com o diretor, mesmo quando são estagiários, coisa que um baby-boomer nunca faria”, explica Natalina Cinegaglia, coordenadora dos cursos de Tecnólogo em RH e Marketing do Centro Universitário Celso Lisboa.
Essa geração também tem como característica marcante executar multitarefas, ou seja, realizar várias atividades ao mesmo tempo. Esse fato pode ser positivo por um lado, mas há um lado negativo: são pessoas que não têm o foco como seu forte e poderão tornar-se profissionais dispersos, que se concentram muito menos em uma só ocupação. O desafio estará em capacitar líderes que consigam uma boa comunicação, uma excelente relação inter e intrapessoal e consigam manter a equipe focada e motivada. “A tendência é que esse jovem trabalhe em mais de um projeto ao mesmo tempo e que não priorize a ascensão na carreira, preferindo mais experiência em áreas diferentes”, conta Cinegaglia.
O fato de já terem nascido em meio as novas tecnologias reforça as características desta geração. Eles são lúcidos, idealistas, mas com uma insegurança muito grande – talvez até pela própria idade. São muito solidários, seletivos e se sentem melhor no contato virtual do que no relacionamento direto, real. Marie-Josette Brauer, doutora em Filosofia e Psicologia, afirma que os jovens da Geração Z ainda não ocupam uma faixa relevante no mercado de trabalho, mas já mostram valores diferenciados para os profissionais mais experientes, como a maturidade, apesar da idade. “O questionamento permanente e a rejeição por formas clássicas de raciocínio dentro das empresas também faz com que modifiquem o ambiente organizacional”, completa.
Adaptação das organizações
As empresas que compreenderem as características deste novo grupo profissional e se adaptarem a este público sairão na frente. A boa convivência entre gerações é fundamental, mas a geração Z ainda é uma incógnita para empresários e líderes. “Por terem se desenvolvido na era do conhecimento, possuem uma imensa consciência do todo e se sentem responsáveis individualmente em relação ao mundo. Esse engajamento é um aspecto extremamente importante e o idealismo desta geração faz com que tenham o pensamento de que podem, sempre, fazer a diferença”, diz Brauer.
A geração Z está em busca de desafios constantes. Por ter um raciocínio mais veloz e impaciente, não suporta ficar em um mesmo cargo ou empresa por muito tempo. Para as empresas, o esforço de recrutar, selecionar e desenvolver profissionais corre o risco de ser em vão, por conta da rotatividade que essa nova geração irá impor. De acordo com Cinegaglia, a aplicação de feedbacks, um ambiente integrado e dinâmico e a possibilidade de crescer profissionalmente mantém o jovem interessado no emprego. “Nem todas as empresas se adaptaram a esse novo perfil de funcionário. Nesse caso, o jovem não se sente motivado para permanecer no emprego, por isso a fama destas gerações de estarem sempre buscando novas oportunidades”, esclarece.
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