Nos últimos meses, o Rio de Janeiro e várias outras cidades do Brasil e do mundo foram castigadas por catástrofes ambientais, de dilúvios a terremotos, que em nada ficam devendo aos relatados na Bíblia. Parece que não são coisa nova esses problemas. O que há de novo é que hoje podemos minimizar os seus efeitos com certa facilidade.
Empresas como a Nortel Networks, multinacional com mais de 95 mil funcionários, vem tornando realidade o teletrabalho – sistema pelo qual o funcionário não precisa ir até o escritório para realizar as suas tarefas.
Em alguns países da Europa, como Itália, Portugal e Espanha, já existe legislação específica que regulamenta a atividade de teletrabalho. No Brasil, ao contrário, a CTL ainda é restritiva ao teletrabalho e os empresários resistem em permitir que seus empregados trabalhem em casa, com medo de que eles aleguem “ficar à disposição da empresa 24h por dia”.
Para resolver esse problema e incluir o Brasil no grupo dos países avançados com relação à gestão de pessoas e à produtividade ocupacional, a sociedade civil e os governos vêm buscando fórmulas de flexibilizar as práticas de trabalho à distância. O projeto de lei 3129/04, que trata do assunto, já passou pela Câmara dos Deputados e aguarda análise do Senado Federal, mas ainda é cedo para prever quando ele entrará em pauta.
Enquanto isso, empresas como o Citibank, por exemplo, buscam soluções intermediárias para estabelecer escritórios sem salas, disponibilizando estações de trabalho móveis que permitem ao funcionário trabalhar “de qualquer lugar”, ou seja, em qualquer instalação da empresa.
A SOBRATT (Sociedade Brasileira de Teletrabalho) dá conta de que já existem no Brasil aproximadamente 10 milhões de teletrabalhadores, um número considerável e com forte tendência de crescimento em função das dificuldades de deslocamento cada vez mais presentes nos grandes (e pequenos) centros urbanos.
De olho nessa tendência, empresas como a Nasajon Sistemas, software-house carioca com foco em sistemas contábeis, vem disponibilizando ferramentas como o ‘Conecta’, que permite ao trabalhador operar o sistema de qualquer lugar, a partir de um computador ligado à Internet. O ganho de produtividade é enorme. Em muitos casos, além de não perder tempo com traslados, o funcionário também economiza recursos físicos, já que não exige espaço, mobiliário e nem equipamentos na sede da empresa.
Não é para todos, mas cada vez mais veremos pessoas trabalhando em notebooks, ou em pequenas salas espalhadas pela cidade, como se fossem “lan houses”, para realizar as suas tarefas profissionais. Suites como o Google docs, que permite o compartilhamento de planilhas, textos e apresentações online, ou Salesforce, um ERP “sediado na nuvem” (como é chamada a web), permitem que o trabalhador esteja cada vez mais conectado independentemente da sua localização.
Isso tudo pode ser bom ou ruim – cada um tem um ponto de vista diferente –, mas que é uma tendência irreversível é um fato. E contra fatos, não há argumentos. Então, gostando ou não, prepare-se: o futuro não terá fronteiras para o trabalhador.
Claudio Nasajon é diretor da Nasajon Sistemas, especialista em Estratégia e Inovação pela Wharton School of Business e Professor de Planejamento de Negócios da PUC-Rio ( www.claudionasajon.com.br)
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