Dilma Rousseff, candidata a presidência em debate da TV Globo, 30/09/2010 (Felipe Dana/AP)
A campanha da candidata do governo à Presidência, Dilma Rousseff, já tem uma estratégia para tentar contornar a polêmica em torno da legalização do aborto: a petista vai adotar um discurso de valorização da vida. Esse será o mote do primeiro programa de TV da candidata na volta do horário eleitoral, na sexta-feira.A ideia dos marqueteiros de Dilma é que o programa de TV funcione como um “antídoto” contra a questão do aborto, segundo a edição desta quarta-feira do jornal O Estado de S. Paulo. A estratégia começou a ficar clara já na terça-feira, em entrevistas concedidas por Dilma após uma reunião com os governadores e senadores eleitos da base aliada. "Eu sou e sempre fui a favor da vida. Se não fosse assim, não tinha colocado a minha vida em risco em determinado momento", afirmou a candidata.
"Nós não vamos ficar reféns de uma falsa polêmica, levantada de maneira pouco ética por nossos adversários e disseminada de forma insidiosa", afirmou o secretário-geral do PT, José Eduardo Martins Cardozo (SP), um dos coordenadores da campanha de Dilma. Cardoso foi um dos parlamentares que, em 2008, defendeu na Câmara dos Deputados um projeto que descriminaliza o aborto no país.
O projeto foi rejeitado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa por 57 votos a 4. Os votos a favor da legalização do aborto partiram de José Genoino (PT-SP), Eduardo Valverde (PT-RO), José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP) e Régis de Oliveira (PSC-SP).
Os próximos programas de Dilma vão retomar também o assunto “família”. Na terça, a candidata fez questão de, novamente, expressar sua felicidade com o nascimento do neto, Gabriel, batizado na última sexta-feira.
A questão do aborto - Até mesmo os aliados de Dilma listam entre as razões pelas quais a petista não venceu a eleição no primeiro turno o debate sobre o aborto. O assunto ganhou força quando começaram a circular pela internet vídeos e entrevistas em que Dilma defende abertamente o aborto – posição que ela mudou pouco antes de se tornar candidata. “Acho que tem de haver descriminalização do aborto”, disse em 2007. “No Brasil, é um absurdo que não haja”. “Abortar não é fácil para mulher alguma”, ressalvou em 2009. “Duvido que alguém se sinta confortável em fazer um aborto. Agora, isso não pode ser justificativa para que não haja a legalização”.
Em uma Carta Aberta ao Povo de Deus divulgada no primeiro turno, Dilma diz que cabe ao Congresso Nacional discutir "aborto, formação familiar, uniões estáveis e outros temas relevantes", sem detalhar a posição pessoal em relação aos assuntos.
fonte: Revista VEJA online.
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