Pesquisa aponta que ficar muito tempo sentado não faz bem à saúde

A recomendação de pelo menos 150 minutos por semana de atividade física intensa ou moderada é unânime quando o assunto é promoção de saúde. Esses 150 minutos distribuídos em cinco dias por semana dariam meia hora diária de atividade física, o que poderia ser considerado como o MÍNIMO para usufruirmos dos seus inúmeros benefícios à saúde. Além disso, já contamos com boas evidências de que, além dessa meia hora diária, deveríamos evitar ficar muito tempo parado em casa ou no trabalho.
O sedentarismo vai muito além da ausência de exercícios físicos regulares. O termo sedentário tem origem em sedere, do latim, que significa “sentar”, e já existem argumentos coerentes que dariam suporte à mudança do termo “comportamento sedentário” por “comportamento de inatividade muscular”. As pesquisas têm mostrado que o hábito de permanecer por longos períodos do dia sem movimentação aumenta o risco de obesidade, diabetes, síndrome metabólica, doenças do coração, câncer, e também está associado a uma menor longevidade. Tudo isso independe da presença de exercícios moderados a vigorosos. É previsível que essas horas de inatividade muscular sejam ainda mais prejudiciais para quem faz poucos exercícios físicos.
Um novo estudo publicado na última edição do Jornal Americano de Epidemiologia confirma que ficar muito tempo parado realmente não é um bom negócio. Quase 125 mil americanos saudáveis, com uma média de idade de 62 anos, foram acompanhados por 14 anos. No início do estudo, um questionário foi aplicado para quantificar o tempo que cada voluntário costumava ficar sentado por dia fora do horário de trabalho, como, por exemplo, o tempo dedicado à TV e à leitura. Foi investigado também o tempo de dedicação a exercícios físicos recreativos (ex: caminhada, corrida) e atividades físicas do dia a dia, como fazer compras, jardinagem e outros trabalhos domésticos.
Quem praticava mais esportes não apresentava maior ou menor tendência de permanecer sentado durante o dia. Quando comparado ao grupo de pessoas que ficava sentado por menos de três horas diárias, aquelas que ultrapassavam seis horas apresentavam um aumento de 40% nos índices de mortalidade no caso das mulheres e de 20% no caso dos homens. Essa associação foi mais forte no caso de mortalidade por doenças cardiovasculares do que por câncer, e o risco foi duas vezes maior quando o indivíduo tinha pouca atividade física recreativa. Esses resultados são concordantes com três estudos prévios realizados com australianos, canadenses e japoneses.
É bem reconhecido que o homem contemporâneo passa a maior parte de seu tempo acordado em estado de inatividade muscular. Mas qual é o problema em se ficar sentado por longos períodos? Sabe-se que a inatividade muscular interfere numa série de processos metabólicos que podem alterar importantes marcadores de saúde, como a pressão arterial, a glicemia, leptina e lipídios, que por sua vez estão associados a problemas como a obesidade e doenças cardiovasculares.
Pelo corpo de evidências que temos até o momento, as recomendações médicas poderiam incluir não só os exercícios físicos regulares, mas também o hábito de se movimentar de forma intermitente durante o dia. Paradas de alguns minutos no trabalho a cada hora para se movimentar, evitar o automóvel quando possível, usar as escadas no lugar do elevador, todas essas são atitudes que podem ter mais influência sobre nossa saúde do que podemos imaginar. Campanhas que estimulem as pessoas a viverem menos sentadas podem ter um grande impacto na saúde pública do nosso país, que já tem metade dos seus adultos com excesso de peso.
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Por Ricardo Teixeira


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